Autor: Stephen King
Páginas: 400
Ano: 2013
Editora: Suma das Letras
Adicione: Skoob
Sinopse: Uma trama de mistério e terror, ambientada nos anos 30, em plena Depressão americana, num cenário de desespero e sufoco: a Penitenciária de Cold Mountain. Stephen King foi buscar no lado mais sombrio de sua imaginação a história assombrosa de John Coffey, condenado à morte, e seu encontro fatal com o carcereiro Paul Edgecombe. Nas telas, o diretor Frank Darabont recria a história magistral de King, com Tom Hanks interpretando o guarda Edgecombe.
Mais
uma vez, chego ao final de uma das minhas leituras do Mestre King. E, como já
era de se esperar: eu sabia que ia ser incrível! Claro, King é o mestre dos
grandes finais, aliás, não só dos grandes finais, mas dos grandes enredos,
aqueles com personagens comuns, que levam uma vida comum, gente como a gente,
mas desenvolvidos de maneira a se tornarem grandiosos (e complexos!).
O
livro escolhido na minha estante dessa vez foi “À espera de um milagre”. Já
havia assistido ao filme, há anos, e a vaga lembrança que tenho dele não
impediu que o romance fosse uma das melhores leituras de 2016 (até o presente
momento, diga-se de passagem).
O
livro, que me levou às lágrimas, inicia com o seguinte enunciado “Aconteceu em
1932, quando a penitenciária estadual ainda ficava em Cold Mountain. E, é
claro, a cadeira elétrica também estava lá.”. Com essas primeiras frases já
podemos prever que King vai nos guiar pelo obscuro corredor da morte até a
“Velha Fagulha”, apelido dado ao adorno em cujo assento ninguém gostaria de descansar.
Com
104 anos, Paul Edgecombe, antigo superintendente do Bloco E da penitenciária de
Cold Mountain, conta em detalhes como foram os seus dias de servidor do estado,
junto a sua equipe de temporários (Harry, Brutal, Dean e Percy), e sua
convivência com os detentos que estavam condenados a passarem pelo Corredor
Verde (nome dado ao corredor da morte) e, consequentemente, conhecer a “Velha
Fagulha”. Paul Edgecombe narra não só as execuções, mas como era o dia a dia no
bloco. A recepção dos detentos, o tratamento aos encrenqueiros (sejam eles
detentos ou guardas temporários) e os acontecimentos sobrenaturais que
começaram a ocorrer após a chegada de Jonh Coffey, um negro de 1,90m e músculos
descomunais, que é condenado à morte, por ter sido acusado pelo estupro e
assassinato das gêmeas Detterick. A sua chegada à prisão de Cold Mountain é tão
amistosa quanto os seus dias como residente. A medida que a data para sua
execução chega, Edgecombe investiga a possível inocência de Coffey que, apesar
do seu porte gigantesco, demonstra ter a candura e a inocência de uma criança.
Além
de Coffey, personagem que dá vida ao enredo, outras personagens ilustres são
mencionadas no romance. Um deles é o francês Delacroix que está condenado à morte
por estuprar uma menina e tentar ocultar o crime ateando fogo ao corpo, ato
esse que resulta em um incêndio cuja proporção do alcance das chamas mata mais
seis pessoas. Durante o período de Delacroix na penitenciária, ele encontra um
amigo, Sr. Guizos, um rato amestrado que já reside na prisão e é conhecido
entre os guardas como Willie do Barco a Vapor (o antigo nome do Mickey Mouse) e
que tem características um tanto quanto peculiares para um rato. Sr. Guizos
conquista a todos com a sua inteligência, menos Percy, que no dia anterior à
execução de Delacoix, decide acabar com o rato de uma forma muito cruel. Jonh
Coffey toma a criaturinha quase sem vida em suas mãos e a faz reviver,
devolvendo a Delacroix a alegria de seus últimos momentos antes de sentar-se à
Velha Fagulha.
Além
de Coffey e Delacroix, outro preso condenado passa seus últimos dias atrás das
grades do Bloco E. “Billy the Kid”, como gosta de ser chamado, um jovem de 19
anos cujo nome verdadeiro é Willie Wharthon, e que apesar da tenra idade é um
criminoso altamente perigoso (e muito dissimulado!). Não bastasse todo o mal
que fez às pessoas enquanto esteve em liberdade, Wharthon dedica seus últimos
dias a infernizar a vida dos guardas temporários e dos seus colegas residentes.
Após
a terrível execução de Delacoix (a mais horripilante do livro, momento da história
em que, inclusive, tive náuseas), Coffey, o próximo da lista, é convidado a
viver uma última aventura levando seus “poderes” curativos à esposa do Chefe
Moors que sofre de um câncer no cérebro dito intratável pelos médicos da época.
Melinda, esposa de Moors, é curada de seu câncer ao receber um toque das
milagrosas mãos de Coffey. Nesse mesmo dia, Willie Wharthon é baleado pelo
guarda temporário Percy, que enlouquecera após receber uma reprimenda dos
colegas de trabalho pelo seu espírito mesquinho e maldoso, tragédia essa que
impossibilitará Edgecombe de tentar provar a possível inocência de Coffey.
A
história, como todo enredo de King, é emocionante e vale a pena ser degustada
como um vinho fino de uma boa safra. O amadurecimento é o que nos leva ao ponto
de maior impacto no final, que sem sombra de dúvidas, para mim, foi um dos mais
ricos de King... e olha que o cara é o “the best” em se tratando de finais
perfeitos.
King
opta pela narração em primeira pessoa, fazendo com que Edgecombe narre suas
experiências sobrenaturais de uma forma tão realista que é possível vivenciar e
sentir cada passo das personagens em direção à Velha Fagulha, cada pico de
raiva, cada pedacinho do câncer de Melinda sendo retirado do seu cérebro e a
dor sentida por Edgecombe quando ele passa por uma infecção urinária (também
curada por Coffey). Sem falar na sensibilidade com que ele traz à tona, no
final da história, o Sr. Guizos, ainda vivo, depois de mais de 60 anos.
Esse
livro é simplesmente emocionante, surreal, inexplicavelmente maravilhoso! Não
consigo nem ao menos concluir essa resenha sem chorar, de dor e de tristeza,
sim, mas também de emoção pela belíssima história. Para finalizar, deixo um
alerta aos leitores que pretendem encarar a trama: prepare o seu coração, pois
certamente a sua vida (pelo menos a literária) jamais será a mesma depois dessa
história.
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